A Criação do Dólar Americano e os Possíveis Riscos da Ascensão Econômica da China na Ordem Mundial

O dólar americano é, desde a segunda metade do século XX, a moeda de reserva mundial por excelência, o que lhe confere um papel central no sistema financeiro global.

Contudo, a ascensão econômica da China tem gerado discussões acerca dos possíveis riscos e implicações dessa mudança de poder na ordem mundial econômica. Neste artigo, analisaremos a criação do dólar americano e os riscos associados à crescente influência da China na economia mundial.

1. A Criação do Dólar Americano

1.1. Origens e evolução

A criação do dólar americano remonta à época da fundação dos Estados Unidos, em 1776, e à necessidade de estabelecer uma moeda nacional unificada. O Congresso Continental emitiu pela primeira vez o “Continental Currency” em 1775, que foi substituído pelo dólar americano após a assinatura da Constituição dos Estados Unidos em 1787. O dólar foi criado para facilitar o comércio e o intercâmbio entre os estados e eliminar a dependência de moedas estrangeiras.

1.2. Bretton Woods e a ascensão do dólar como moeda de reserva mundial

Após a Segunda Guerra Mundial, em 1944, representantes de 44 países se reuniram na Conferência de Bretton Woods, em New Hampshire, nos Estados Unidos, para estabelecer um novo sistema monetário internacional. O objetivo era promover a estabilidade cambial e facilitar o comércio e o investimento internacionais. Nesse encontro, foi decidido fixar as taxas de câmbio das moedas em relação ao dólar americano, que por sua vez seria conversível em ouro a uma taxa fixa de US$35 por onça.

Esse acordo estabeleceu o dólar americano como a principal moeda de reserva mundial, uma vez que outras moedas estavam atreladas a ele e o ouro era a base do sistema. O dólar se tornou o meio de troca internacional e o principal ativo de reserva dos bancos centrais.

2. A Ascensão Econômica da China

2.1. Reformas econômicas e crescimento

A partir de 1978, a China iniciou uma série de reformas econômicas sob a liderança de Deng Xiaoping, que buscava modernizar e liberalizar a economia do país. Essas reformas incluíam a abertura do país ao comércio e investimento externos, a criação de zonas econômicas especiais e a reforma das empresas estatais. Como resultado, a China experimentou um crescimento econômico sem precedentes, tornando-se a segunda maior economia do mundo.

2.2. A internacionalização do yuan

O crescente papel da China na economia mundial levou o país a buscar a internacionalização de sua moeda, o yuan (CNY). O objetivo era reduzir a dependência do dólar americano nas transações internacionais e aumentar a influência da China no sistema financeiro global. Desde 2010, o país tem promovido o uso do yuan no comércio e investimento internacionais

assinando acordos de swap cambial com diversos países e estabelecendo centros de negociação offshore para a moeda.

Em 2016, o yuan foi incluído na cesta de moedas do Fundo Monetário Internacional (FMI) que compõem os Direitos Especiais de Saque (DES), o que representou um reconhecimento do papel crescente da moeda chinesa no cenário econômico global. No entanto, apesar desses avanços, o yuan ainda está longe de desafiar o domínio do dólar como moeda de reserva mundial.

3. Possíveis Riscos da Ascensão Econômica da China na Ordem Mundial

3.1. Desafios ao domínio do dólar

A ascensão da China como potência econômica global e a internacionalização do yuan têm levantado preocupações sobre os possíveis riscos para a ordem econômica mundial atual, dominada pelo dólar americano. Alguns analistas argumentam que a crescente influência da China poderia desafiar a posição do dólar como moeda de reserva mundial, o que poderia levar a uma reestruturação do sistema financeiro global e a uma maior instabilidade cambial.

3.2. Dependência econômica e riscos geopolíticos

Outro risco associado à ascensão econômica da China é a crescente dependência de muitos países em relação à economia chinesa. Com a China se tornando um importante parceiro comercial e investidor para um grande número de nações, existe a preocupação de que esses países possam se tornar vulneráveis a choques econômicos originados na China, como desacelerações do crescimento ou crises financeiras.

Além disso, a crescente influência econômica da China também tem implicações geopolíticas, uma vez que o país tem utilizado seu poder econômico para promover seus interesses políticos e estratégicos, o que pode levar a tensões e rivalidades com outras potências globais, como os Estados Unidos.

3.3. Desafios ambientais e sociais

A rápida industrialização e crescimento econômico da China também têm gerado preocupações com o impacto ambiental e social dessa expansão. A poluição atmosférica, a degradação dos recursos naturais e as crescentes desigualdades sociais são questões que a China enfrenta em seu desenvolvimento, e que também podem ter repercussões globais.

Conclusão

A ascensão econômica da China e a internacionalização do yuan representam desafios significativos para a ordem econômica mundial atual, dominada pelo dólar americano. Os riscos associados a essa mudança incluem a possível erosão do domínio do dólar, a crescente dependência econômica e vulnerabilidade a choques originados na China, bem como tensões geopolíticas e desafios ambientais e sociais.

Para enfrentar esses desafios, é necessário promover um diálogo e cooperação entre as principais potências econômicas, a fim de garantir a estabilidade e prosperidade do sistema financeiro global.

Ana

Apaixonada pelo mercado financeiro e investimentos, hoje dedico parte do meu tempo para compartilhar conteúdos exclusivos e didáticos no site CredittCards.